domingo, 24 de julho de 2016

BLASPHEMY










Capítulo I - O portal do inferno:

O cemitério da baía de Ross está localizado na cidade de Victória/BC (Canadá) – de frente para a própria baía, sendo ali inaugurado em 1873. Desde que seus portões foram abertos, o cemitério atraiu muitos praticantes de satanismo, feitiçaria e ocultismo. Missas negras, orgias, rituais e sacrifícios profanos foram realizados nesse local místico.
A abertura do cemitério desencadeou um considerável aumento de atividades ocultas na cidade de Victória. Os registros oficiais do governo indicam que entre os anos de 1988 e 1989, cerca de 79 túmulos foram profanados. Para os habitantes da cidade, tais atividades eram, de fato, assustadoras, pois antes da abertura dos portões do cemitério era registrados apenas de 5 a 10 atos de vandalismo por ano.
A partir de então ficou claro que uma força obscura e poderosa estava à espreita, sendo forjada nas sepulturas, em meio as carnes em decomposição e que viria atormentar as almas que lá caíram no esquecimento.
No final dos anos 80, em virtude do desencadeamento do rituais satânicos, orgias e profanações lá registrados, o cemitério da baía de Ross era considerado por muitos habitantes como um dos portões do inferno.
E é exatamente isso que o Blasphemy representa com as 3 obras satânicas (Blood Upon the Altar, Fallen Angel of Doom e Gods of War), o som do portão do inferno sendo aberto sobre a terra para dar início ao extermínio em massa dos submissos e a chegada das legiões mais demoníacas do inferno.
 Dentre os 3 álbuns, certamente Fallen Angel of Doom é o mais cercado de lendas e mistérios.  
É de longe o álbum de black metal mais insano e brutal já produzido. Foi inteiramente inspirado em misantropia e desprezo aos bastardos de Cristo e seu bando de idiotas estúpidos. Em mais de 20 anos, nenhum outro álbum de black metal ousou em rivalizar a selvageria bestial do anjo caído.
Mas o sangue já escorria pelo altar antes desse ataque insano!
As atividades tiveram início em 1984, quando os demônios Nocturnal Grave Desecrator and Black Winds e 3 Black Hearts of Damnation and Impurity, formaram a aliança. Viviam apenas um quarteirão de distância, na cidade de Vancouver, BC.
Black Winds assumiu os vocais e baixo, enquanto 3 Black Hearts invocava as legiões do abismo através dos tambores que proclamavam o apocalipse. Naquele mesmo ano, um outro adepto as artes negras foi chamado para assumir as guitarras, era  Call of the Storms.
Assim se formou o núcleo da banda e deu-se início aos ensaios profanos!
Pouco tempo depois foi recrutado Black Priest of the 7 Satanic Blood Rituals, para tocar a segunda guitarra e acrescentar os urros no vocal.
Os pseudônimos de cada membro chamado para se juntar ao Blasphemy foram obtidos após um particular ritual blasfêmico entre os integrantes. Estes não comentam sobre as questões levantadas nesses rituais, pois acreditam que não devem ser divulgadas desnecessariamente para forasteiros.
Nessa época, a banda ainda não tinha nome, mas se auto intitulavam “Anticristo”. Em 1984 a banda ensaiava covers de músicas das bandas Bathory, Sodom, Slayer, entre outros.

Capítulo II - Ross Bay Grave Black Mass Begins…
Com o tempo, como a fidelidade ao caminho da mão esquerda ficava mais forte e cada vez mais intensa, os demônios finalmente resolveram trazer a desgraça para a humanidade sob a bandeira do nome BLASPHEMY.
Ciente de que já haviam sido escolhidos por Lúcifer para profanar tudo que fosse sagrado, começaram a escrever material próprio, sendo que todos os membros contribuiam para a criação das musicas, porém Black Winds e 3 Black Hearts escreviam as letras profanas.
Com algumas composições no gatilho, iniciaram-se os rituais ao vivo, tocando ao lado de bandas como Procreation, Witches Hammer e Tumult. Até que no final de 1989 é gravada umas a demo Blood Upon The Altar, com a formação: Black Winds (vocal/baixo), 3 Black Hearts (bateria), Caller Of The Storms (guitarra) e Black Priest (guitarra/vocal).
Com o lançamento de Blood Upon The Altar, a desgraça estava consumada. Com o logo inteiramente banhado em sangue e a arte da capa sendo feita pelo próprio Black Priest, foram vendidas aproximadamente de 2000 cópias dessa tape.

Capítulo III - O ritual de fogo e a ascenção de Lúcifer:
 
Pouco tempo depois, é recrutado The Tradicional Sodomizer Of The Goddess, para assumir a guitarra e vocais, substituindo Black Priest.

Após intensos ensaios, carregados de muitos rituais no velho Cemitério Ross Bay, a banda sai em tour pela costa dos EUA, terminando em Los Angeles, onde seriam apresentados a Richard C. da gravadora Wild Rags.
Acabaram assinando com a Wild Rags para a gravação do primeiro disco. Então em 1990 é gravado um dos álbuns mais bestiais do inferno: Fallen Angel Of Doom.
O disco vendeu milhares de cópias no mundo inteiro, no entanto, os integrantes não receberam nenhum centavo da Wild Rags, o que fez com que o grupo realizasse uma ameaçadora visita a Richard C. (dono da gravadora), e sem a permissão desse, levaram toneladas de materiais como LP´s, CD´s, TAPE´s camisetas e outros em troca de dinheiro.
A capa de Fallen Angel of Doom, é simples e sinistra. O desenho foi criado por um demônio chamado Conny. A banda optou por alterar o seu logotipo entre a demo e o álbum. O logotipo utilizado no álbum é uma simples fonte “English Rether” estilo antigo. As escritas são em vermelho, enquanto o fundo é negro e a arte é branca.

Na parte de tráz do LP, as fotos dos membros da banda foram tiradas no Cemitério da Baía de Ross. Durante a sessão de fotos, os integrantes fizeram o ritual de fogo, cuspindo fogo e queimando lápides e monumentos.
Após tirar a foto que está na parte de tráz do LP, Black Winds apresentava queimaduras graves em sua pele. Esse ritual de fogo chamou a atenção do departamento de polícia local, e os quatro integrantes foram presos.
No texto contido no próprio LP, afima-se que há fotos desse dia em que é possível ver a polícia no fundo, pouco antes das prisões serem realizadas. Há relatos de que os policiais ficaram assustados com a presença daqueles demônios no cemitério, motivo pelo qual foi solicitado reforço de mais meia dúzia de carros e vans de polícia para efetuar a prisão. 
O curioso é que os integrantes nunca foram condenados pela pratica dessa cerimônia. Após um ano de audiências do processo judicial, as acusações foram retiradas e os membros inocentados.
O álbum Falen Angel of Doom, assim como na demo, foi gravado de forma uniforme, como sendo uma faixa inteira, praticamente sem intervalos entre as músicas.
O único alívio que o ouvinte recebe após o início desse ataque devastador é durante as intros.
A atenção aos detalhes e a capacidade de conceituar cada aspecto da banda como uma pequena parte de uma unidade inteira, são as principais características que diferencia o Blasphemy das muitas bandas inferiores que tentaram imitá-los.
Na verdade, o Blasphemy é uma das poucas bandas de black metal que utilizam a introdução como uma parte integrante da música em si. Ao ouvir Fallen Angel of Doom você não se sente compelido em pular imediatamente para a segunda faixa para evitar ouvir a introdução para o álbum. Compostas por Black Winds e Caller of the Storms, as intros são como trombetas invocando os cavaleiros do apocalipse, elas nos preparam para a violência que vem a seguir.
Depois que o álbum começa não tem como voltar atrás, você está condenado a escutá-lo alto e até o fim, como deve ser. É um ataque implacável. As guitarras são caóticas, a bateria é odiosa e insana, os vocais aterrorizam a mente e a alma do ouvinte. Você se imagina em uma carnificina. Nos vocais, Black Winds cria uma atmosfera de fúria incontrolável.
 A música “Winds of the Black Godz" foi criada por Black Winds, enquato esse rodava ao contrário um de seus LP´s de ópera, o que reflete o imenso respeito pelos grandes e majestosos compositores clássicos como Stravinsky (A sagração de primavera e O Pássaro de fogo), Mussorgsky (Night on bald mountain), Mahler, entre outros.

* Para verificar algumas curiosidades sobre compositores de óperas e a relação com assassinatos e black metal, clique aqui e leia o capítulo oculto número 4, intitulado “A simfonia da escuridão prevalesce”.

Na época em que o álbum surgiu (1990), muitas bandas de death metal competiam para ver quem tinha mais habilidade técnica com os instrumentos. Por isso alguns taxaram o álbum como sendo um “simples ruído”. Na verdade, esse álbum foi contra tudo o vinha sendo produzido na época, sem técnica, apenas um som ríspido e cru, que aborda a obscuridade da musica em si.
Ao escutar o álbum, percebe-se que as guitarras são quase inaudível em comparação com a bateria e o baixo. Este efeito é particularmente evidente durante as canções mais rápidas.
Somente quando os solos de guitarra de Caller Of The Storms estupram seus timpanos é que você consegue distinguir cada um dos instrumentos.
is bestiaNo entanto, não se trata de uma falha, nem diminuem o efeito da musica. Na verdade, isso contribui para a bestialidade do álbum como um todo.
Fiéis dementes e maníacos seguidores do Blasphemy reconhecem que com a criação deste álbum, iniciou-se um novo regime no black metal, o black metal em sua forma mal.


Capítulo IV - A simfonia da escuridão prevalesce






A imagem a seguir representa o tema de “A Sagração da Primavera” em que Stravinsky conceitua como sendo: "... a imagem de um ritual sagrado pagão: os sábios anciãos estão sentados em um círculo e estamos observando a dança antes da morte da menina a quem eles estão oferecendo como um sacrifício ao deus da Primavera, a fim de ganhar a sua benevolência”.

A ópera “Night on bald mountain” de Mussorgsky, foi adaptada pela banda Marduk na introdução da música “Glorification of the Black God”. Fontes indicam que os primeiros riffs dessa música é uma adaptação ao filme “O Mpagico de Oz”, de 1939 e que o título do álbum, “Heaven Shall Burn… When We Are Gathered”, faz referência à música Dies Ires, do álbum “Blood Fire Death”, da banda Bathory.
 
Outro notável compositor que merece destaque aqui é Carlos Gesualdo, famoso por seus livros madrigais, Gesualdo compôs em 1611 a ópera “Se la mia morte brami” (se você deseja minha morte), depois de assassinar a esposa e filhos. Fontes indicam que um dos filhos teve o crânio esfacelado após ser espancado contra o berçário. Temendo por vingança, escondeu-se em seu castelo. No entanto, por ser nobre, escapou das punições, mas posteriormente, morreria de depressão.



 
            Carlos Gesualdo

Capítulo V - O deus da guerra e os rituais ao vivo


É claro que a história do Blasphemy não termina com Fallen Angel of Doom.
Novos rituais ao vivo são realizados com uma nova formação. Sodomizer deixa o grupo por motivos de saúde e Black Winds (vocal) decide de vez ficar apenas no comando dos vocais. Para assumir as quatro cordas foi chamado Ace Gestapo NecroSleezer & Vaginal Commands, sendo 3 Black Hearts (bateria) e Caller Of The Storms (guitarra).
E com essa aliança é que a banda arranja uma nova gravadora, a Osmose Productions. O Blasphemy então fecha um acordo com a mesma para o lançamento em 1992 do novo artefato intitulado Gods of War. Trata-se da continuação da guerra, o chamado da cavalaria e a marcha para o próximo século.
A gravação de God of War ocorreu no mesmo estúdio de Fallen Angel of Doom, há exatos 23 anos (06/07/1993). Após essa gravação, a banda é chamada para outra tour europeia, chamada Fuck Christ Tour, juntamente com as bandas Rotting Christ e Immortal.
Devido às intrigas de tours pela Europa, Black Winds decide deixar o Blasphemy. Nesse mesmo tempo, 3 Black Hearts foi preso em um aeroporto por ofensas a policiais.
 
Depois de um período inativo, em 1996, Ace Gestapo e 3 Black Hearts formam outra banda (o Necrosleezer). Na mesma época a ira de Lúcifer sangra os anjos novamente, desencadeando outra desgraça no mundo, a banda Conqueror lança uma ogiva nuclear denominada War Cult Supremacy tido como um dos álbuns preferidos de Black Winds, motivo pelo qual o mesmo chama um dos membros dessa banda, R. Forster, para ressurreição do Blasphemy.
Então numa sexta-feira, 13 de julho de 2000 é programado a volta do ataque bestial juntamente com os americanos do Black Witchery. Diz-se que a essa apresentação foi tão devastadora que na última música – Ritual – uma parte do teto desabou.
Com a benção das 9 legiões do inferno, ressurgia o Blasphemy!
No ano seguinte, novamente em uma sexta feira 13 de julho de 2001, o Blasphemy se apresenta ao vivo em Vancouver, quando então Yosuke do selo Nuclear War Now registra o show e lança-o em formato LP e CD por sua gravadora, o infame Live Ritual.
Recentemente, no ano de 2015 a banda se apresentou no Brasil no festival Brazilian Ritual – Third Attack, ao lado da banda canadense Revenge e das bandas brasileiras Goatpenis e Bestimator.



!!!DARKNESS PREVAILS!!!




Ao som de Blood Upon the Altar/Fallen Angel of Doom/Gods of War.

By: Fuck You.

Fontes:
1 - Fallen Angel of Doom – Regravação em LP lançado em 2007, texto de J. Erebus contido no interior do encarte, escrito em 23 de Abril de 2007.
2 - http://www.nwnprod.com/

11 - https://www.youtube.com/watch?v=Tqq-pRGLV3E

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