domingo, 19 de maio de 2019

AGGRESION (MS)



AGGRESION A VOZ DOS INCONFORMADOS CONTRA O CONSERVADORISMO

Comando Metal Zine – Como foi a produção do disco Revoada de Bruxas, visto que Marcelo Pompeu e Heros  (Korzus) são produtores bem renomados e qual importância deles na produção?
Adriano "Caverninha" Boeno : Salve Comando Metal Zine e todos seus leitores!! Salve Doors, irmão de mili anos!!

Logo após o Forja Infernal, começamos a criar e ensaiar, apesar de ser um disco bem trabalhado, muita coisa foi criada na hora da gravação, a maioria das músicas nunca tinham sido sequer tocadas ao vivo.
Pompeu abraçou a causa desde o início e a disposição que ele teve conosco, nos ajudou muito, ele e o Heros são firmeza demais.
Ficamos duas semanas em SP e saímos com o álbum na mão, o trampo dos caras é cirúrgico, são conhecedores do Metal e de toda a sonoridade desse universo, ter as referências certas é mais importante do que ter um estúdio com um milhão de dólares em equipamentos e nisso os caras são mestres.

Comando Metal Zine – A cada lançamento do Aggresion a banda sempre dando um passo a frente, em Revoada de Bruxas foi a profissionalização da banda em termos de gravação...
Sempre nos esforçamos ao máximo para entregar algo, seja no estúdio ou ao vivo, nunca se sabe quando é a última vez que você vai estar fazendo aquilo. Evoluir é talvez a única coisa que nos resta, seria incrível ver nossos amigos pensando assim, buscando qualidade e respeito no que fazem, além de entregar o que há de melhor, também exigir o que há de melhor, dos selos, produtores, estúdios, mas claro que isso depende muito da compreensão de cada um. Seria o próximo passo, não só pra gente, mas para todo esse movimento quem vem sendo criado no aqui entre o MS/MT.


Comando Metal Zine – Vocês vêm caminhando a muito tempo dentro do Heavy Metal e muitas coisas mudaram no cenário, desde então. Desta forma, como a banda chegou ao álbum e de que maneira o mesmo se encaixa na longa experiência adquirida através de suas atuações?
Acho que é um processo “evolutivo”, mas para quem acompanha de perto, não é um processo tão perceptível, e isso também depende do ponto de vista de cada um, já escutamos amigos falando que a banda era mais interessante antes. Pela banda tudo teria mudado muito mais, mas quando a gente pega e analisa o momento que nos encontramos, vemos que tudo de antes ainda está alí.
Uma das formas de "evoluir" no que nos propomos a fazer, é observar a reação das pessoas que entram em contato com a nosso som assim como absorver o que nos cativou, nós somos um monstro de Frankenstein criado com pedaços de amigos e momentos que vem nos influenciando desde nosso princípio.
  
    Comando Metal Zine – Nos dois primeiros trabalhos da banda Murmúrios Blasfêmicos (2008), Forja Infernal (2012) as letras eram em português e inglês, e em Revoada de Bruxas (2017) somente letras em nossa língua pátria ...
Não é muito pensado, talvez volte a ser assim em algum momento, já pensamos em passar a ideia em outras línguas também, sempre com a intenção de que a mensagem atinja todo mundo. Quanto menos fronteiras, muros, cercas, muito melhor.

Comando Metal Zine – Como foi o processo de composição de Revoada de Bruxas?
Começamos sempre pela música, nos outros discos também foi assim, a ideia do novo álbum é fazer o oposto, criar o som em cima da mensagem, talvez seja uma boa nova experiência e tragar elementos novos.
Apesar do tempo entre Forja e Revoada ser grande, o disco todo foi feito bem rápido, algumas partes foram criadas na hora da gravação, as harmonias de guitarra e baixos, foram 90% de improviso, assim como as letras que foram todas feitas em São Paulo.
Já o tema não, estava sendo estudado tinha um tempo, foi o que fez as letras saírem tão rápido.
Falar sobre a inquisição é complicado, mas é algo do nosso cotidiano, é só abrir qualquer jornal que em cima de você cai uma enxurrada de notícias de violência contra as mulheres e demais absurdos medievais...O inquisidor que pediu Marielle no fogo, continua rindo com seus dentes podres nas capas de jornais e propagandas de TV.


Comando Metal Zine – A arte feita por Marcos Miller de Revoada de Bruxas ficou muito foda...
Ficou muito foda, Marquito é o cara da parada!  É um puta artista foda que tá ali pra projetar o que vive na mente maluca dele. Somos fãs dos traços dele, que tem aquela  influência de HQ. Nesse disco Revoada de Bruxas tivemos as companhias certas para fazer o play ser muito doido, tomara que possamos contar com essa galera de novo no futuro.

Comando Metal Zine – Muitos confundem o radicalismo agindo como xerifes da cena, queimando bandas, zines, distros por mera incompetência de criar algo verdadeiro, sem contar os inúmeros perdidos na cena e escondidos no mundo virtual. O que é a radicalidade no metal para você?
A escolha pelo radicalismo deve ser respeitada, até porque todos nós temos isso em nós em algum nível. Conhecemos muitas bandas que foram criando filtros estranhos na tentativa de se firmar como algo exclusivo e diferente. Nós mesmo temos nossos ideais, tentamos saber o máximo sobre as bandas, selos e produtores que estamos nos aproximando. Tem quem ache radicalismo não aceitarmos tocar para produtor que organiza evento com bandas que pregam abertamente o nazismo, nós preferimos ver isso como coerência. Quanto aos sanguessugas do movimento, eles estão aí porque sempre tem idiotas pra passar pano e dar ouvidos, quem é de verdade sabe quem é de mentira, é natural que depois de alguns anos eles saiam fora.

Comando Metal Zine – Em toda essa bosta que vem acontecendo no país, a banda vem se posicionando de forma ferrenha com esse governo...
O mínimo que se pode fazer é se posicionar, tomar um lado, nunca confie em quem evita falar ou cobra neutralidade sobre o assunto, principalmente dentro do underground. O underground é o lugar onde deveriam estar os subversivos e contestadores, e está abarrotado de conservadores reaças filhos da puta. Na banda temos dois antropólogos, pessoas que vivenciam as mazelas dos povos indígenas aqui do Brasil e para esses povos assim como todos outros grupos que vivem à margem da sociedade, a muito tempo não se tem um governo tão ameaçador quanto esse que acaba de entrar que vem desde quando surgiu (sabendo que o mesmo é um monstro de várias faces que sempre existiu) já prometendo acabar com tudo que foi conquistado por meio de muita luta e sangue.
Nos chateia ver que muitas poucas bandas se posicionam, óbvio que não é uma lei ou obrigação ter que fazer isso, mas todos sabemos, todo ato é político, o que você fala, como se veste, como corta o cabelo, o que consome e preferir não se posicionar diz muito.


Comando Metal Zine – Agora em 2019 o Aggresion completa dezesseis de estrada, quais foram os maiores obstáculos que vocês enfrentaram até hoje?
Existem um grande obstáculo que sempre se fez presente desde o início, e é a distância das coisas. Nosso vocal/baixo mora em Porto Velho/RO, ou seja, metade da banda está longe uns 2 mil quilômetros, então não é como na maioria das bandas, que os membros podem se reunir, ensaiar, tomar uma cerveja e tocar quando dá vontade, para isso acontecer sempre tem que envolver planejamento e grandes despesas, o custo de qualquer ação é enorme e não estamos falando da parte financeira. Apesar disso estamos na pista, sem baixar a guarda. Começamos a fazer músicas novas e esperamos não demorar tanto para gravar.

Comando Metal Zine – A Banda fez alguns shows em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Branco no Acre, Campo Grande – MS, Ponta Porã - MS tem mais datas em vista, pensam em fazer uma divulgação maior?
2018 foi o ano que mais andamos e temos que agradecer uma galera por isso. Primeiramente ao Totemtabu e o Extermínio pela irmandade de Oeste à Leste e de volta novamente... Ricardinho, Victor e os “otários” do Acre...Splatter e os comedores de carniça do Rio, Igor D'Ávila e Juiz de Fora, Lourenço os natimortos de Corumbá... Ratto, Gis, e toda nossa família de Cuiabá.
2019 não poderia ter começado melhor, tocamos na fronteira do Paraguai com o Brasil e de longe foi o melhor show que tocamos em muitos anos. Temos algumas datas marcadas em Brasília e Formosa, e uma conversa rolando com uma galera do Paraná e SP. Infelizmente como dito antes, por causa da distância de tudo sempre é bem difícil, vamos caminhando a passos lentos, sem exitar.

PRÓXIMOS SHOWS DO AGGRESION
Comando Metal Zine – Quais músicas tem tido melhor recepção pelo público nos shows?O que nos impressiona é ver que a galera conhece faixa por faixa, isso mostra que o som chegou, a galera não está ali pelo nome da banda, ou porque a banda é de fora, ou porque a banda faz malabarismo ou caretas, ou porque a banda tem o visual mais chamativo que se pode comprar em boutiques e lojinhas de rock, a galera conhece o som, canta os sons, bate cabeça em todo som e durante o som todo, e isso é animal.
Comando Metal Zine – Qual os discos preferidos dos integrantes da banda?
A pergunta mais complicada até agora, pois nada é, tudo está!
Do Felipe (Bateria) Killers do Iron Maiden e Pleasure to Kill do Kreator, do Eduardo, (vocal e baixo) todos do Mercyful Fate, do King Diamond e do Black Sabbath e os meus são Rising do Rainbow e Sonho Maníaco do Korzus.

Comando Metal Zine – Mais uma vez muito obrigado pela entrevista, considerações finais !!
Valeu pelo espaço e oportunidade, Comando Metal Zine desde sempre nos apoiando, muito obrigado por resistir ao nosso lado, é uma honra saber que aqui temos voz.
Um salve à todos, lembrem-se que nunca é tarde para se levantar e encarar de frente tudo aquilo que faz você se sentir 
um excluído. O Metal antes de tudo pertence à aqueles que vem das margens da sociedade, é a voz dos inconformados e deve ser o pesadelo dos alienados que envenenam o mundo com conservadorismo, religiões de merda, machismo, consumismo, homofobia e todas formas de preconceito.

Aggresion
Adriano "Caverninha" Boeno - Guitarra
Eduardo "Rã" Sparrenberger - Vocal e Baixo
Felipe "Terrordeath" - Bateria

Discografia:
Murmúrios Blasfêmicos (2008)
Forja Infernal (2012)
Revoada de Bruxas (2017)


CONTATOS
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