quinta-feira, 13 de setembro de 2012

CLAUSTROFOBIA (SP)


Claustrofobia espalhando a Peste

Comando Metal Zine – O Claustrofobia completando 18 anos, desde de 1996 com a mesma formação, fato raro hoje em dia?
Alexandre de Orio - Pois é, realmente raro. Talvez ajude o fato de nos conhecermos desde moleques e crescermos como amigos também, ou seja, é um relacionamento que vai além de parceiros de trabalho. É importante que cada um tenha seu espaço e que todos se respeitem. É importante também que todos estejam sempre empenhados, com o mesmo objetivo em relação à banda, buscando sempre a evolução.
Comando Metal Zine – Como surgiu a idéia de gravar a música Filho da Puta do Ultraje a Rigor e porque? 
Alexandre de Orio - Se não me engano foi ideia do Marcus. Sempre tivemos músicas em português e essa música, assim como outras do Ultraje, tem uma letra sensacional e a veia do som deles é mais rock and roll mesmo e não pop. Então, vimos um potencial nela pra deixar mais pesada e agressiva. A letra é super atual, até peço para que leiam quem não conhece. O Heraldo Paarmann que é o ex-guitarrista do Ultraje toca comigo no Quarteto Kroma, então o convidei pra gravar uma parte do solo e alguns detalhes. Ele aceitou na hora e curtiu pra cacete participar dessa versão.

Comando Metal Zine – Todo álbum do Claustrofobia tinha músicas em português, você acha essa idéia foi amadurecendo para o lançamento de Peste?
Alexandre - Com certeza, até porque a gente sempre percebeu a resposta do público nos shows em relação às músicas em português, sempre foi um ponto alto. Fora dos shows o pessoal também comentava sobre compor mais músicas em português. Fazer um álbum inteiro em português era uma ideia antiga e que aos poucos foi tomando forma depois de muitos acontecimentos, turnês, muitas coisas pra falar, protestar, enfim acho que veio na hora certa. Inclusive estamos vivendo um momento em que estão aparecendo muitas bandas de metal cantando em português ou bandas que antes só cantavam em inglês agora estão também com músicas em português.

Comando Metal Zine – Quais músicas do Peste tem sido melhor recepção nos shows ?
Alexandre - Vou te falar que todas que estamos tocando estão sendo muito bem recebidas. A galera está cantando todas as letras, sabendo os riffs, as passagens, então isso acaba nos inflamando mais ainda a tocar com o sangue nos olhos. Talvez “Pinu da Granada” é a que a galera mais vibra, por causa do groove, riff, refrão...



Comando Metal Zine – Dos cinco trabalhos do Claustrofobia três foram gravados no Da Tribo Studio com Ciero. É como se ele fosse o 5º elemento da Banda?
Alexandre - Praticamente. Ele já conhece nosso som de longa data. Aprendemos muito com ele e confiamos muito nele. Sempre deu uma grande força pra gente, sempre acreditou no nosso som e na nossa ideologia. Também já trampou como técnico de som em vários shows nosso, então é um cara que sabe a vibe do Claustro.

Comando Metal Zine – Em Fulminant Vocês lançaram clip de Reality Show, em I See Red gravaram War Stomp, pensam em lançar algum vídeo clip do Peste?
Alexandre - Com certeza. Já está nos planos. O problema é sempre tempo e dinheiro, mas acredito que em breve pinta algo. Possivelmente a primeira música que faremos isso será a “Pinu da Granada”.
 
Comando Metal Zine – O Claustrofobia está com cinco discos lançados, vocês acham que esta na hora de lançar um Dvd?
Alexandre - É, agora acho que chegou a hora, tanto que o festival que estamos armando, o Pest Fest, gravaremos esse DVD. O público também cobra bastante isso da gente, então nada melhor que armar um próprio Fest e gravá-lo. Temos muito material de vídeo guardado, mas ainda não temos filmado um show legal onde podíamos armar nossa estrutura para fazer isso acontecer, então esse Fest será perfeito para realizarmos isso.

Comando Metal Zine – Os problemas sociais são temas que influência bastante as letras da banda. Qual a mensagem que o grupo tenta passar em suas letras?
Alexandre - É a hora em que podemos por pra fora muitas revoltas ou protestar muita coisa errada que vemos por aí e que acontece no nosso país e no mundo. Mas sempre temos letras ou parte delas com  mensagens positivas, como por exemplo, “Don´t Kill the Future” do disco I See Red ou “Viva” do álbum Peste. Fora isso tem umas ideias ou “viagens” mais pessoais também.
 
Comando Metal Zine - A Banda está organizando o festival Pest Fest,  o que você pode nos adiantar sobre o festival e o Cast?
Alexandre - O Fest está marcado no dia 27 de outubro no Cine Joia em São Paulo. Haverá mais duas bandas, o Oitão que é uma banda mais hardcore e o Project 46, que é uma banda de metal mais moderno. São duas bandas que estão aí na ativa. Será um show especial, pois de certa forma será um lançamento oficial aqui em Sampa do nosso novo álbum, o Peste, e gravaremos o DVD, como comentei anteriormente. Aproveitando a estrutura que o Cine Joia oferece vamos preparar uma série de vídeos e projeções para interagirem com as músicas durante o show. Estamos vendo algumas participações especiais também, ainda não sabemos exatamente devido a agenda de todos, mas espero que dê certo. Haverá alguns sorteios, dentre eles uma guitarra Jackson. Conseguimos um preço bem acessível do ingresso, então espero que a galera compareça e faça esse DVD junto com a gente. Para mais informações, entrem neste site http://cinejoia.tv/claustrofobia

Comando Metal Zine – Em Peste vocês entraram de cabeça nos ritmos brasileiros, tiveram algum receio com público mais radical?
Alexandre - Na verdade, há muitos anos fazemos isso, mas sempre foi de uma forma implícita, o que ainda é e continuará sendo. É que com a gravação da música “Nota 6.66”, que não foi só de forma explícita como também usamos de fato um grupo de samba de raiz tocando a percussão de base, a maioria do público acha que só agora usamos ritmos brasileiros. Já fiz riffs inspirados em frevo, em baião etc – assim como elementos de outros gêneros não brasileiros. Como falei, continuaremos fazendo isso, dessa forma implícita, com qualquer outro ritmo ou qualquer outra coisa que for possível fazer, desde que seja com qualidade, bom senso e sem descaracterizar o metal e nosso som. Não tivemos receio com o público mais radical não. Estamos a favor da música. Aliás, vou aproveitar para citar uma epígrafe que coloquei no meu livro e foi retirado do livro “Heavy Metal: Guitarras em Fúrias”:

“... Há várias ‘tribos’ e facções dividindo o terreno do rock barulhento, e nem  todas se misturam. Mas quando se misturam sempre sai coisa boa. Por outro lado, ainda existe uma facção forte e radical dentro do heavy metal que é muito conservadora e não admite certas modernidades. Mas isso existe em toda parte da música. (...) [Um grupo] que exige pureza, raiz e essas coisas que ‘atravancam’ o progresso, como diria um político de anedota. (...) Mas ainda bem que existem os seguidores rebeldes que cada vez mais se levantam contra o estabelecido e o conservador. E mudam o que já está convencionado. Se não fosse assim, não teríamos o thrash metal e seus derivados, que renovaram totalmente o heavy metal a partir dos anos 80, e que, por tabela, acabaram por chamar a atenção das platéias mais novas para o metal do passado, pois a geração anterior já estava envelhecida e se repetia.”

Vídeo do Lançamento do Livro Metal Brasileiro: Ritmos brasileiros Aplicados na Guitarra Metal - Novos Caminhos para Riffs de Guitarra

Comando Metal Zine – Porque você decidiu escrever um livro "Metal Brasileiro: Ritmos brasileiros Aplicados na Guitarra Metal - Novos Caminhos para Riffs de Guitarra?
Alexandre - Primeiramente, como pesquisador e professor de música, sempre tive um sonho de um dia escrever um livro. A ideia mesmo surgiu depois que passei estudar uns livros de bateria, mas utilizá-los como uma ferramenta para criar e ajudar na técnica principalmente de mão direita devido às palhetadas na execução de riffs de metal; adaptava levadas e frases rítmicas tudo na guitarra direcionado ao metal. Então, primeiramente esse material era coisa que eu mesmo usava como estudo e para criar bases ou trechos de músicas para o Claustro. Depois de um tempo catalogando muita coisa percebi que tinha um material interessante e que poderia contribuir com as ideias e estudos realizados. A música brasileira trabalha muito com síncopa e contratempos o que não é característica marcante no metal, então com isso conseguimos um groove diferente nos riffs, mas sem perder a agressividade. Não existe também nenhum material deste tipo no mercado. Tem um objetivo tanto para o desenvolvimento técnico para execução de riffs, principalmente de palhetada; quanto no desenvolvimento criativo para ajudar a compor riffs de guitarra ou até partes de música, transições etc. Acho que o grande lance está na abordagem. Como comentei anteriormente sobre utilizar elementos de forma implícita, este é o ponto. Não estou simplesmente falando pra utilizar um instrumento de percussão aqui ou ali e pronto, estou realmente dando um tratamento no riff usando a linguagem da música brasileira como ferramenta ou “pano de fundo”, e no caso esse primeiro volume trabalho apenas com o gênero do samba e seus subgêneros. Pra que fique claro isso que falei, dê uma olhada no vídeo de lançamento do livro. Há dois momentos que mostro o mesmo riff, primeiro tocado sobre a levada de samba (que é de onde partiu a idéia) e em seguida sobre a levada de metal. Se eu não falasse que tinha nascido de uma levada de samba, quase ninguém saberia. O Caio do Claustro que gravou as levadas de metal e o Lael Medina, que é um batera de música instrumental gravou as levadas de samba. O Andreas Kisser escreveu o prefácio, o que é uma grande honra pra mim. Acabo de fechar uma distribuição com uma das maiores editoras de livros de música do Brasil, a Irmãos Vitale, então em breve o livro estará em todo Brasil e em grandes livrarias. Agora, estou finalizando a versão inglês. Estou muito feliz porque tenho recebido muitas mensagens positivas, parabenizando pelo material, pela iniciativa e contribuição, isso mostra o quanto as pessoas estão mais abertas. Outro dia mesmo recebi uma mensagem de um cara, acho que do nordeste, que um amigo dele que é DJ estava usando meu livro para ajudar a compor umas coisas mais brasileiras. Aí que vemos o quanto isso pode ir além. Pra quem ainda não conhece e quer saber um pouco mais o site é www.metalbrasileiro.com 
Pode comprar pelo site também.

Comando Metal Zine – Fale sobre seu projeto com o Quarteto Kroma?
Alexandre - É um projeto que vi nascer na faculdade de música que estudei, no final dos anos 90 e chamava-se Quadrivium. Quando assisti pela primeira vez, achei sensacional a ideia, tanto que até lembro de pensar “pô, gostaria de fazer um trampo desse também”. Cheguei a ir em algumas apresentações. Um dia até substituí o Heraldo numa palestra que o grupo fez sobre “Forma Sonata”, pois ele tinha gravação do clipe de uma música do Ultraje a Rigor. Tirei um movimento inteiro de uma peça do Mozart em uns dias, foi “punk”. Mas fui entrar de fato no quarteto em 2001, assim que saiu o primeiro CD, já com o nome Kroma. O quarteto tem como intuito mostrar uma nova forma estética para a guitarra elétrica. Tentamos tirar um pouco essa visão da guitarra  somente como um símbolo do rock e  mostrar  que  conseguimos muitas outras facetas com esse instrumento.
O repertório é uma salada musical, muito diversificado mesmo e com uma releitura peculiar. Vai do pop ao erudito, do rock ao baião, da moda de viola ao blues, do jazz ao chorinho etc. Nos preocupamos em pegar boas músicas e fazer música de qualidade, independente do gênero.
Acabamos de lançar um novo álbum intitulado “DesConstruindo”, inclusive o nome quer dizer uma desconstrução da imagem da guitarra que geralmente é apenas associada ao rock e constrói novas possibilidades sonoras no instrumento. Contamos com três ilustres participações, o mestre Heraldo do Monte, um dos grandes nomes da guitarra; Vera Figueiredo, baterista do programa Altas-Horas; e Roger Moreira do Ultraje a Rigor, tocando um solo na flauta transversal. Muita gente não sabe que ele toca flauta, inclusive eu não sabia. O álbum possui 14 faixas e como disse é uma salada musical. Em algumas músicas simulamos percussão na guitarra. Tem uma música em que usamos uma viola junto com três guitarras. Tem uma música minha, que inclusive já foi gravada no álbum “I See Red” do Claustrofobia. É a música “Nóia”. Uma composição que trabalha defasagem de notas. Nessa versão fizemos um arranjo para quatro guitarras, e além disso, adicionamos a letra “O pulso” do Arnaldo Antunes, devido ao clima que ficou a música. No ano passado, o Kroma foi convidado a representar a década de 2000, em um projeto que reúne grandes nomes da guitarra desde a década de 40. Ficamos honrados com esse convite. Pra quem quiser conhecer mais o trabalho www.quartetokroma.com

Quarteto Kroma

Comando Metal Zine – Como conciliar o tempo com a banda pois tu também  leciona em três escolas de música?
Alexandre - Acho que a resposta pra isso é amar o que faz e se dedicar de corpo e alma, pois se eu for contar horas de trabalho seriam quase que todos os dias 24 horas trabalhando. Além das bandas e projetos também tenho uma rotina como professor. Gosto muito da vida acadêmica também, aliás, acho que o livro deve-se a isso também. Gosto muito de lecionar e me empenho muito em transformar um aluno, não só como músico, mas também como pessoa. Tenho que estar sempre esperto com datas de shows para não bater as datas com os trabalhos, estar sempre em comunicação, me programar com as escolas, remarcar alunos etc etc.
 
Peste a mais nova Desgraça



Comando Metal Zine – Muito obrigado !!! Valeu mesmo pela entrevista. Espaço aberto para considerações finais...
Alexandre - Agradeço muito pela entrevista. Obrigado Márcio e toda equipe Comando Metal pela força. Parabéns também pelo trabalho que vocês vêm realizando. Obrigado a todas as pessoas que sempre dão uma força, pro Claustro, Kroma e meus outros projetos. Agradecer também as marcas que estão me apoiando, a Peavey, Cast, Giannini, Santo Angelo e CapCase. Aproveitando, em breve lanço um novo projeto e que é praticamente uma extensão do meu livro, portanto fiquem ligados!!
     Site: www.alexandredeorio.com (em breve reformulado)

     Contato: alexandredeorio@yahoo.com.br

 
www.myspace.com/alexandredeorio
www.youtube.com/alexandredeorio
www.myspace.com/claustrofobia
www.myspace.com/kromaquartet
www.quartetokroma.com

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