terça-feira, 26 de maio de 2015

Sin Dios - Ingobernables - 2000



Sin Dios - Ingobernables






 Quando comecei a me interessar pela cultura underground e pela música agressiva, lá pela primeira metade da década de 1990, via e ouvia tudo aquilo como uma ruptura com o marasmo e todo o lixo que estava ao redor. Era uma revolta. Um ato de rebeldia. Imaginava que as bandas eram formadas por caras que eram radicalmente contra o sistema opressor, contra o capitalismo, contra a demência religiosa... Mas daí fui crescendo e vendo que num era bem assim. Tinha muita pose, muita estratégia de marketing pra vender disco, muita fanfarronice direitista e fuleragem de playboizinho metido a malvado no meio daquilo tudo. Mesmo sendo um grande fã de música (música pesada no caso), comecei a perceber que a música pela música não dizia muita coisa, pelo menos pra mim. Afinal música e banda têm a rodo. Naturalmente fui indo ao encontro do som que falava do que eu me identificava, que falava da luta do povo pobre, da revolta da periferia: o PUNK, mais especificamente o ANARCO-PUNK.

  Foi neste contexto que conheci a banda espanhola SIN DIOS (“sem deus” em português). Banda hoje veterana, formada por militantes anarquistas ligados à CNT (Confederación Nacional del Trabajo), não foi, obviamente, encontrada por mim nas páginas das rock-magazines, nas ondas dos programas de rock nas rádios FM nem nos programas de clipes de rock na MTV. Conheci a banda graças ao seu histórico de militância, numa matéria de um jornal Antifascista feito por companheiros de São Paulo, e rapidamente fui atrás dos discos. Pancadaria pura. Sem deus, sem pátria, sem patrão! Sem contratos com gravadoras da moda.

  Da discografia dos caras o meu preferido é este “INGOBERNABLES”, nome que exprime bem o sentimento e desejo do povo das periferias de qualquer lugar do mundo. O som é a velha e foderosa receita Crossover, mistura de HC com Metal, enquanto as letras versam sobre a fúria, os sonhos e a luta popular. “No te Rindas” incentiva a fantástica faixa de abertura, que é seguida por um ataque fulminante às estruturas conservadoras e autoritárias da ditadura global capitalista. Denúncias contra a força policial unificada da Europa em “Europol” e às políticas neo-nazistas de controle populacional em “Política de Población”. A afirmação Antifascista em “Intolerantes”, onde a banda responde às críticas feitas pela mídia aos grupos Anarquistas por seu combate contra a escória fasci e burguesa. Afirmam sua (minha também) convicção libertária em “Revolución Social”, e todas as outras faixas seguem o mesmo altíssimo nível de combatividade e pancadaria.

  O disco é pra ser escutado direto, tanto como música quanto fortalecimento do espírito guerreiro, por trabalhadores, rebeldes, inconformados e lutadores das periferias. Especialmente indicado para aqueles e aquelas que acreditam que Underground não é vestir roupinhas pretas transadas, comprar disquinhos caros e fazer cara-de-mau nos picos da moda. VIVA A ANARQUIA!
                Tiago Madureira – Vocalista Ossários,  Pantanu e Surfista de Esgoto  




Ano de Lançamento: 2000

Faixas:



Formação:

Pepe, guitarra e voz

Canino batería e coros,

Pepino baixo e voz

Nenhum comentário:

Postar um comentário